quinta-feira, 1 de abril de 2010





A Caixa de Pandora


Quem abriu a caixa de Pandora
 para que em simultâneo quase,
 tantos males, tanto sofrimento
 assole o Mundo?

Começando por HAITI,
 inexplicável terremoto,
 cuja causa obscura
 está ainda por decifrar,
mas de trágicas consequências,
 que se prolongam no tempo,
 com as chuvadas
 a agravar a vida
 nas tendas improvisadas,
 onde a fome
 visita as vítimas a cada hora!

Talvez um dia
 consigamos compreender
 o inexplicável
 que os próprios cientistas
 não compreendem bem
prossigamos
 pela nossa Pérola do Oceano,
 A Madeira
correndo o mundo
 catástrofe apôs catástrofe
só vimos dor, desolação.
o Chile com o horror destrutivo
 do terremoto é ainda atingido
 pelo Tsunami.
Portugal magoado,
 desolado, interrompido
 de norte a sul
terras já pobres,
arruinadas pelo abandono,
quem lhes acudirá
 e àqueles que com parcos meios,
 tal como na Madeira
mal vão saber como
 reconstruir as casas
 onde viviam
 ou não poderão mesmo
 construí-las de novo!
Apetece-me gritar,
 mas nem posso ir para a rua,
 também aqui
a tempestade aperta forte,
 minha voz ficaria perdida
 na voz dos ventos
  aqui vou gritando neste silêncio da escrita...

  blasfémia que seja,
 grito contra esse deus,
 que deixa ruir as casas
 dos pobres e deixa morrer indefesos,
 enquanto os ricos
 permanecem ao abrigo
 de todas as fúrias,
 de tempestades e intempéries
 em casas fortes e luxuosas!
 A Minha dor pelos povos
 é neste momento
 muito maior que eu,
 porque este rasgão
 que me vai por dentro
 de tanto ver sofrer
 pode levar-me
 aos confins de qualquer revolta!
Chega! podres senhores
 detentores da vossa própria segurança,
 do bem-estar dos vossos filhos.
A dor alheia, toda essa aflição
 que vai pelo Mundo,
sois vós os seus maiores responsáveis!
talvez dos terremotos não tenhais culpa,
 mas sim das agressões
 permanentes à Natureza,
 procurai vossa culpa na ganância
 que vos habita,
 nessa sede infinita
 de ter cada vez mais!
e para quê?
Para dominar o Mundo!
e o mundo do trabalho,
 reduzindo a escravos do vosso mal querer,
Homens produtivos e úteis,
enquanto vós não passais de répteis
 ou de parasitas!
O vosso excesso causa-me nojo, náusea!
Que tendes de um Ser Humano
 que vos alimentais de vossos semelhantes?!
Porque se julgam tão sábios
 e poderosos têm andado a brincar
 ao aprendiz feiticeiro,
 tocaram em forças para vós desconhecidas
 e a Natureza cega, vinga-se sobre os inocentes!

Mas um dia para a Natureza chegará vossa vez!
em Portugal
 penedos que se desprendem
 sem que se saiba se outros
 com mais trágicos resultados
 os vão ou não seguir
árvores derrubadas
 um sem fim de tristeza
 que vem ainda mais
 empobrecer Portugal
aumentar  sofrimento dum povo
 que vivia abaixo do mais necessário.
E os mortos?
 esses números frios que nos apresentam!
Sabem quem são esses mortos?
 cada um deles era uma vida
 que sonhava futuro,
 construía esperanças,
e erguia de seu suor
 as casas que habitavam?
 Cada morto não é um número!
Era um ser Humano!
 com direito a prosseguir a sua vida
  seus projectos de vida,
 de viver feliz
 seus afectos e seus sonhos.
Não me falem mais do números de mortos
 que é um insulto feito à vida!
E uma Criança?
 que valor tem para vocês
 Ó abutres, a vida pequenina?
que se extinguiu na culpa
da vossa indiferença
  da vossa malfadada
 cegueira!
Ofuscados que andam
 pelo brilho falso do dinheiro e do Poder!
os vossos olhos
 não têm pupilas, mas cifrões!  
 os vossos sentimentos para com o próximo?
 inexistentes! tudo o que há em vós
é uma enferrujada caixa registadora,
 que funciona mal nas contas que faz,
 porque um dia vos vão sair contas furadas?
Ah pois quê!?
 todos esses milhões contabilizados
 para obras
em que os vão empregar?
na prioridade das habitações dos pobres
 ou no luxo que salta à vista
 e engana as próprias vítimas!
Vejam bem tudo o que fizeram,
tudo o que vão fazendo
 de prejudicial e de nefasto!
mas seria interessante
 que uma comissão internacional
se ocupasse de verificar
 em que são utilizados esses dinheiros?!
Nas prioridades,
 ou no que vos enche ainda mais os cofres?
E as prioridades ecológicas?
 são tidas em linha de conta,
 para que o mesmo cataclismo se não repita? 
há técnicos com competência
 para estudando os solos e sua configuração,
 se reconstrua com segurança e eficácia
 agora para finalizar
 vou deixar aqui um provérbio dos Índios do Canadá:

Quando todas as árvores forem cortadas, quando todos os rios tiverem secado, quando o último peixe tiver morrido, vocês vão perceber que dinheiro não serve para  comer

Índios do Canadá


 estou convosco sempre, injusticiados do Mundo

Marília Gonçalves

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